sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"Era uma casa muito engraçada"...

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O twitter no telhado cantarola aquilo que não se ouve, 
Enquanto notas musicais mergulham no poço quadrado e sem fundo.
No poço, quadrado e sem fundo, se deixa cair todas as ilusões.


 Aquelas que se criaram ao passar pelas infinitas estantes 
 Que em perspectiva se contruiram perfeitos três ângulos e lados
 Mas para além de estantes, cores e formas.

 Há pessoas, pessoas que deitadas para não esquecer do sonho
 Abrem em livros portais de palavras
 Para a dimensão sem limite, onde ponto, reta, plano, espaço e tempo são apenas   formalidades de lógica humana.


 Mas aqui, nesse mundo que é real porque existe
 No mais secreto bailar de luz e sons
 Eu vejo tudo aquilo que não se vê
 E sinto tudo aquilo que não se sente.


Mas tudo se desfaz, no papel que agora amasso
Sei que não é matéria o que preciso
De tudo, quero e sou apenas sonho.

(Wendel M.)


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Poesia em toda parte!

" 難波津に咲くやこの花今冬ごもりは春べと咲くやこの花 "
(Nanywa Bay, possui uma flor que desabrocha até o inverno. Quando chega a primavera, a flor torna a desabrochar.)
 
Esse poema é usado para abertura de um jogo dos cem poemas "Komachi", conhecido como "Uta Karuta", embora não faça parte dos cem.
O Ogura Cem Poetas, resume poemas de cada cem melhores poetas em ordem cronológica do Imperador Tenji ao Imperador Juntoku, muitos dos poemas que foram selecionados foram inspirados pelas quatro estações e nas suas mudanças na natureza, porque eles foram usados apenas para decoração das portas na Montanha Ogura Villa. São setenta e nove poetas masculinos e apenas vinte e um do sexo feminino.

Hoje eu iniciei essa postagem com uma frase que aparentemente é sem graça, ou até mesmo sem lógica. Na maioria dos casos, quem não sabe o contexto histórico é capaz de ignorar toda a tinta e sentimento dos cem poetas. Mas é isso mesmo, entre muitos outros, tenho descoberto que eu busco nos poemas a complexidade. Vou mostrar e explicar alguns:


Repetindo:

" 難波津に咲くやこの花今冬ごもりは春べと咲くやこの花 "(Nanywa Bay, possui uma flor que desabrocha até o inverno. Quando chega a primavera, a flor torna a desabrochar.) 


    Esse poema foi escrito quando o Imperador Nintoku assumiu o trono imperial. Ele foi escrito para comemorar o reinado do imperador, mostrando que o seu reinado "floresceu". Como eu disse, ele não faz parte dos cem poemas, apenas é um "poema de abertura".
    A flor que o poema está se referindo é a flor de ameixa, que floresce no Japão antes de chegar a primavera. E " a próxima primavera" significa que está chegando uma nova vida e história, é como dizer que as coisas estão se renovando, as flores de ameixa estão florescendo, e que tudo está mudando pra melhor.

O que vejo nesse poema é isso: As mudanças trazem sempre com elas a sua beleza.


Teve também a que eu mais gostei:

"早ぶる神代もきかず龍田川からくれなゐに水くくるとは"(Chihayafuru, nunca tinha visto um outono tão rubro, que são às margens do Rio Tatsuta.)
  Esse é um dos poemas mais admirados no Japão,  e tudo isso por causa do seu romantismo. Ai a gente se pergunta: "Onde tem romantismo nisso?" Eis o motivo:
  A futura imperatriz de Nijo, que se chamava Kasaki, tinha o dever em se casar com o imperador do Japão, porém ela já estava apaixonada por um outro japones chamado Ariwara no Narihira, pelo qual, escondia a sua paixão de forma cênica, já que não podia esquecê-la. O poema foi o fruto desse amor impossível.


"
Chihayafuru, nunca tinha visto um outono tão rubro, que são às margens do Rio Tatsuta"

    O Rio vermelho esteticamente pode ser interpretado como uma cena de outono, porém, o verdadeiro motivo em falar que nunca havia visto o Rio Tatsuta tão vermelho o quanto antes era o mesmo que revelar a sua grande angustia e amor.
    Quando vem o outono o rio Tatsuta fica vermelho, o rio lembra a imensidão e o vermelho lembra amor e sangue(morte). É como se dissesse que o eterno amor entre os dois pode ser fisicamente "morto" mas continua vivo dentro deles, "o rio sempre fluirá como o vermelho do Rio Tatsuta" e a reminiscencia do amor nunca iria se apagar.


Digamos que é quase o "Romeu e Julieta" de Shakespeare, só que o casal não se mata no final da história! rs Eles tentam fugir!  Kasaki, já Imperatriz de Nijo, não se conforma com o casamento e tenta fugir com Ariwara, mas a sua tentativa falhou e ela voltou para o palácio de Nijo, não sei afirmar se eles foram punidos ou não... Só sei que esse conto se tornou o "Herói" dos romances no Japão.